ESCOLA SECUNDÁRIA COM 3º CICLO DE AMORA

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Excertos de portefólios de adultos certificados.

Com o objectivo de ilustrar o tipo de trabalho que se pretende que os adultos em processo produzam de forma a evidenciarem eventuais competências que possuam, à luz do Referencial de Competências-Chave, deixamos aqui três novos excertos de portefólios:
"No meu actual posto de serviço, na Amarsul trabalho com vários equipamentos relativamente aos quais tenho de ter alguns cuidados específicos, como por exemplo:
As bombas centrífugas, são as bombas que promovem o escoamento das águas para a EPTAR (Estação de Pré-Tratamento de Águas Residuais) são controladas num quadro de comando, que se encontra localizado na Oficina.


O comando das bombas é utilizado para controlar o funcionamento destas de modo a que o caudal de água que chega à EPTAR seja o adequado, evitando transbordos nas instalações do Ecoparque e na própria EPTAR.

O comando das bombas pode ser realizado de dois modos: manual ou automático.
O comando manual é realizado quando existem condições meteorológicas adversas, nomeadamente precipitação intensa, que aumenta a produção de lixiviados que são necessários escoar para a EPTAR.

O comando automático é o modo em que normalmente se encontra o sistema de bombagem.

Nos períodos nocturnos, fins-de-semana e feriados, sempre que o sistema se encontra em modo manual, somos nós vigilantes que temos de ligar e desligar as bombas, controlando o número de horas de funcionamento. Nesta situação é necessário vigiar as lagoas da EPTAR verificando qual o nível que exige ligar ou desligar as bombas. Estas tarefas exigem capacidade de avaliação e decisão. Por exemplo se a lagoa se encontrar muito cheia temos de ligar as bombas, para que a lagoa do lixiviado fique mais vazia, pois esta quando está a chover muito, enche rapidamente e temos de ter em atenção para que não verta para fora. Pois esta bomba só pode estar ligada por um período de duas horas se ultrapassar estas duas horas temos um sistema de alarme ligado à portaria que dispara assim que a lagoa se encontra cheia.

Trata-se de uma das tarefas nas quais nós, vigilantes, devemos de agir com responsabilidade já que qualquer descuido pode gerar acidentes graves nas instalações."

Marina Marcos, certificada com o Nível Secundário


"Actualmente ouve-se falar em ergonomia, mas a primeira vez que ouvi tal palavra foi no ano de 1999, quando comecei a trabalhar na linha de montagem na fábrica da Volkswagen na Auto Europa em Palmela. Aqui havia a preocupação de adaptar o trabalho às características fisiológicas e psicológicas do ser humano ou seja adaptar o trabalho ao Homem e não o contrário. Acredito que a ergonomia surgiu da necessidade de aliar a eficácia à segurança e à qualidade do trabalho.

Na empresa onde estou actualmente, só recentemente a ergonomia começou a dar os primeiros passos. A elevada taxa de absentismo, de acidentes de trabalho e o descontentamento geral dos trabalhadores face à falta de condições tem movido a empresa a melhorar as condições de trabalho. Uma das medidas foi colocar uma caixa de sugestões e se estas sugestões realmente forem válidas, trabalhador recebe um incentivo monetário. (...)

No fim do mês de Agosto recebi mais 50€ no vencimento por sugestões dadas. Uma sugestão teve a ver com o facto de que as pessoas não têm todas a mesma altura, e nós temos bancadas de trabalho que servem para visualisar os pára-choques que são peças grandes, e nesta situação as pessoas altas ficam beneficiadas. Mas para visualisar peças pequenas estes funcionários ficam numa posição desfavorável, facilitando muito as dores nas costas. No meu caso faz com que tenha de me pôr em bicos de pés para visualisar os pára-choques mas quanto às restantes peças fico com a estatura correcta. Por isso sugeri (...) que as bancadas se pudessem ajustar em altura.

A outra sugestão teve a ver com as máquinas de polir, porque têm um manípulo que tem que ser pressionado para que a mesma funcione. Acontece que umas o têm o manípulo para cima, outras para baixo e outras para o lado. Quem trabalha com esta maquinaria sabe que a reparação da peça é mais rápida se o manípulo estiver para o lado esquerdo, no caso das pessoas destras, ou para o lado direito no lado das pessoas esquerdinas. Para além de ser o movimento correcto de se posicionar e de manusear, sem lesar ou esforçar os pulsos, os braços, as costas ou calejar os dedos, deixando livre o polegar para exercer a pressão necessária, ao mesmo tempo a máquina está segura pelos restantes dedos e pela palma da mão, portanto não há qualquer hipótese de ocorrerem danos ou lesões físicas para o trabalhador. Para a empresa também é benéfico, porque os trabalhadores ao efectuarem o trabalho com a postura correcta, não só proporciona que se trabalhem mais peças em menos tempo, mas também se reduzam os acidentes de trabalho, as baixas médicas e o descontentamento laboral.

Eu em todos os postos trabalho que tenho tido ao longo da vida sempre analisei a melhor maneira que efectuar as funções, mas nem sempre foi a pensar na saúde, mas sim como poderia, com pouco, esforço fazer um trabalho perfeito e com qualidade."

Ana Paula Oliveira, certificada com o Nível Secundário

"Em 2005 fui convidado para integrar a equipa de projecção. Comecei como ajudante de projeccionista, as primeiras máquinas de projecção com que trabalhei eram as VICTORIA 5. (...)

As novas máquinas digitais são fornecidas pela empresa BARCO, que é uma empresa australiana que fabrica este tipo de máquinas digitais de cinema.
Quando a empresa colocou estas máquinas digitais ao serviço deu-me uma formação extra. Aprendi a programar, mudar lâmpadas de xénon digitais, esta formação durou alguns dias e teve lugar no cinema do centro comercial Colombo, em Lisboa.

Estas são muito mais compactas e fáceis de utilizar, para aprender a utilizar estas máquinas em perfeitas condições demorei cerca de seis meses, nas máquinas antigas só passados cerca de dois anos é que tinha aprendido praticamente tudo acerca da máquina.


As máquinas digitais funcionam basicamente através de redes, toda a informação está guardada no disco, que tem aproximadamente novecentos gigas de memória. A máquina digital está ligada a um servidor de armazenamento, que tem cerca de dezasseis terabytes. Este servidor armazena todos os filmes que estão e que estiveram em exibição, caso o cinema tenha de fazer uma sessão extra e o filme não esteja em exibição, pode ir-se ao servidor e transferir para a máquina digital, em vez de mandar vir uma cópia, como antigamente. A máquina é controlada apenas por um ecrã touch, a partir daqui pode-se fazer praticamente tudo: ligar as luzes da sala, aumentar ou diminuir o zoom, colocar o filme em pausa e muitas outras coisas que nas máquinas antigas teriam de ser feitos manualmente. Por exemplo, para aumentar ou diminuir o zoom nas antigas tinha de se rodar a lente para regular. A própria máquina dispõe o programa Messenger para se poder falar com o fornecedor em caso de alguma avaria, o fornecedor está situado na Bélgica. Em termos de componentes das máquinas digitais, aprendi algumas coisas com técnicos e também com o livro de instalação que nos foi fornecido pela empresa (anexo 4). (...)


A diferença nas digitais é que podem ser programadas para funcionarem durante dias, e já não é preciso fazer a montagem da máquina em cada sessão, como as antigas Victoria 5. (...)


Mas também dão muitos problemas, na minha opinião acho que dão mais problemas até que as máquinas de fita de 35mm: vários erros informáticos, a lâmpada quando está a chegar as horas finais começa a deixar de funcionar, ou seja, a evolução também causa bastantes problemas. (...)


Foi uma evolução em que as máquinas ficaram a ganhar, pois houve várias pessoas a quem foram extintos os seus postos de trabalho devido à evolução destas máquinas.

Como foi o meu caso, eu era projeccionista e as máquinas digitais automatizadas foram criadas para substituir o ser humano. Como se costuma dizer, é uma faca de dois gumes: ajudam bastante os gerentes mas foram criadas para substituir o projeccionista, ou seja, o meu trabalho e o de muitas outras pessoas foi simplesmente extinto."

Luís Rocha, certificado com o Nível Secundário

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Excertos de Portefólios de Adultos em Processo

"A qualidade de vida que se goza na aldeia, desde a água cristalina ao ar puro da serra, os bons legumes e todos os produtos da região, a calma que com que se vive lá, o equilíbrio social e ecológico que a caracteriza, são factores de atracção para mim e para muitos que desejam voltar para poderem desenvolver as suas actividades longe dos grandes centros urbanos, embora todos saibamos que é um sonho difícil de concretizar pela desertificação, pela dificuldade da agricultura artesanal, mas mesmo assim há muitos a tentar.
O retorno às origens é um sinal claro da necessidade de preservar a identidade, é neste ponto que as aldeias têm um valor que em muito ultrapassa a sua dimensão sócio – económica.
A aldeia continua a ser um ponto de referência, tanto para os que lá nasceram e de lá partiram, como para os que não tendo nascido lá, por razões de laços familiares a elas estão ligadas.
Numa aldeia anda-se a pé para o trabalho, para a mercearia, para a casa dos familiares, para a igreja, o mesmo não acontece na cidade, perdemos horas em transportes para nos deslocarmos, muito embora seja nos grandes centros que estão as oportunidades para tudo: trabalho, educação, cultura, etc.
Mas o stress em que vivemos na cidade leva-nos a pensar se valeu a pena termos partido e deixado para trás as nossas origens, se não teríamos sido outras pessoas, mais felizes e com mais qualidade de vida, se tivéssemos ficado e desenvolvido o interior hoje teríamos um país melhor.
As políticas erradas dos últimos cinquenta anos, que levaram a que o interior ficasse desertificado e os centros urbanos ficassem com excesso de população, tornam o dia-a-dia excessivamente mecanizado, tornando os seres humanos menos humanos.
Muitos dos nossos vizinhos não os conhecemos e nem há o hábito de nos cumprimentarmos, em muitas pessoas não há o menor sentido de comunidade.
Vou transcrever um poema de Carlos Drummond de Andrade que retrata bem a solidão das cidades … "

A Bruxa
"Estou cercado de olhos,
De mãos, afectos, procuras
Mas se tento comunicar-me
O que há é apenas a noite
E uma espantosa solidão. "

Maria da Guadalupe Rodrigues (Em processo RVCC de Nível Secundário)


"A Lisnave também teve efeitos negativos, poluiu os terrenos onde estava implantado o estaleiro e penso que ainda está, espera-se que seja despoluído antes de lá construírem. Durante muitos anos, os moradores das proximidades do estaleiro foram muito prejudicados com a poluição e os ruídos.
Os prédios que foram construídos ao longo dos anos e as queixas dos moradores, em boa parte contribuíram para que a reparação naval fosse transferida para a Mitrena, onde já havia um estaleiro.
O estuário do Rio Tejo também foi bastante prejudicado com o estaleiro, devido à poluição natural e acidental, durante muitos anos.
Oficialmente, e talvez legalmente, porque não haveria legislação ou se havia não era cumprida a grenalha, que é um produto metálico utilizado para decapar o costado dos navios, depois de utilizado, ficava no fundo da doca. Os navios, depois de estarem decapados, eram pintados, muitos deles com tintas venenosas. Os restos das tintas, diluentes e outras matérias poluentes envolviam-se na dita grenalha, que era, posteriormente, transportada num batelão e descarregada no Rio Tejo, frente a Cacilhas. Esta operação repetiu-se durante anos e tudo e todos a assistir, impávidos e serenos. Tantas vezes me interroguei e comentei com os meus colegas: «onde andam as Autoridades Marítimas?». Para bem do Tejo, a Lisnave foi transferida para a Mitrena, onde já existem outras condições, inclusivamente a água das docas antes de ser devolvida ao Rio Sado, passa por uma estação de tratamento.
Outras medidas também foram tomadas, em termos legislativos e de fiscalização. O que veio pôr termo aos esgotos domésticos que eram conduzidos para o rio sem tratamento. Muito foi feito para contrariar esta situação. Já se construíram estações de tratamento e foi metida tubagem submersa para que os esgotos, depois de tratados, sejam lançados no Oceano Atlântico.
As embarcações que navegavam nos rios e na costa descarregavam alguns esgotos directamente para a água. Hoje, felizmente, nada disso se faz. As casas das máquinas e outros compartimentos dos navios, que tenham óleos ou águas sujas, são esgotados para recipientes próprios e conduzidos para as estações de tratamento.
Com as novas tecnologias hoje é possível, por radar e via satélite 24 sobre 24 horas, controlar todos os movimentos e localização dos navios que navegam na nossa costa e detectar possíveis derrames ou esgotos acidentais ou ocasionais. Os Senhores Comandantes e outros tripulantes, ao terem conhecimento das consequências e das pesadas coimas não arriscam."

José Rodrigues
(Em processo RVCC de Nível Secundário)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Júri de Certificação - Níveis B2 e B3



Teve lugar no dia 14 de Julho, mais um júri de certificação de nível básico, estiveram presentes seis candidatos. As certificações obtidas foram de nível B2, certificação total - três adultos; nível B3, certificação parcial - um adulto e certificação total nível B3 - dois adultos.

Votos de continuação de percursos de formação que satisfaçam os vossos desejos, em cursos EFA, formações modulares UFCD ou outra alternativa possível.

Excerto da história de vida de Carla Antunes
Nível B2
"Quero muito ser auxiliar porque gosto de ajudar as pessoas doentes e sou muito curiosa, gosto de estar sempre a aprender. Por isso, saí do hotel e fui para o hospital Garcia de Orta, onde comecei como empregada de limpeza. Estou lá até hoje, já fez 6 anos que trabalho lá.
Faço limpeza no hospital todo, também tenho o horário que eu quero, foi uma luta para ter esse horário, porque eu tinha um horário das 12 às 20, não me dava para estudar."

Reflexão crítica (excerto) de Gisela Palma - Nível B3
"Gostei bastante de escrever a minha história de vida. Comecei a contar quando nasci e as palavras foram surgindo. Foi muito boa, a ajuda de todos os professores. Comecei por ter 8 páginas na história de vida e acabei com 17, o que é óptimo, pois fez-me relembrar várias coisas.
Fico muito contente ao saber que finalmente vou conseguir ter o 9º ano, pois ficava triste ao dizer que tinha apenas o 8º ano. Conheci pessoas novas, ri em conjunto com os meus colegas e tirávamos dúvidas uns aos outros. Fiquei impressionada comigo mesma, pois quando estudava detestava matemática. E não é que gostei bastante de rever e aprender certas matérias de matemática! Já vou poder entregar o meu certificado do 9º ano no trabalho. Que bom!"


Outras aprendizagens: Aikido de Paulo Eugénio
Nível B3

“Arte da paz começa contigo. Trabalha em ti e naquilo que concerne a arte da paz. Toda a gente possui um espírito que pode ser aperfeiçoado, um corpo que pode ser treinado, um caminho adequado a percorrer. Não estás aqui por outra razão que não cumprires a tua divindade interior e manifestar a tua luz interior. Insere a paz na tua vida e depois aplica a arte a tudo aquilo que encontrares.
Estas foram palavras escritas pelo fundador, MORIHEI UESHIBA, o mentor do Aikido."

A propósito do Processo RVCC - Reflexões

Decidi frequentar o RVCC Secundário para aumentar o meu nível de escolaridade, aprofundar conhecimentos e a pensar nas mais-valias que isso poderia trazer à minha vida futura.
Inicialmente, tive conhecimento do processo através da comunicação social, e tentei posteriormente informar-me acerca do mesmo e do seu funcionamento através de pessoas que já o tinham frequentado ou conheciam alguém que o tivesse feito.
As opiniões eram muitos diferentes e variavam consoante o Centro Novas Oportunidades que a pessoa tinha frequentado. Não fiquei com uma ideia muito clara do que era o processo, mas a maioria dizia que era fácil, que em poucos meses terminavam, era baseado em trabalhos e que nem sequer tinham que se deslocar ao Centro para os entregar, pois era tudo enviado através de e-mail.
Após ter-me inscrito, e ao iniciar as sessões, percebi que afinal era tudo diferente da ideia que tinha criado. Aqui temos acompanhamento, os formadores estão sempre disponíveis para esclarecimento de dúvidas e, a meu ver, temos um nível de exigência bastante elevado, o que nos leva a um maior empenho e perfeccionismo no trabalho desempenhado.
Até ao momento estou bastante contente e a gostar muito de ter tomado a decisão de iniciar este processo. Espero conseguir cumprir todos os objectivos que me foram propostos, não deixando também de corresponder às expectativas daqueles que me têm acompanhado neste processo.

Vanessa Ramos Pina


Iniciei o processo RVCC por motivos de satisfação pessoal. É uma possibilidade para mim de aumentar os meus conhecimentos e alcançar o décimo segundo ano. Eu acho que este programa foi uma decisão inteligente por parte do governo, porque aumenta os conhecimentos e o nível escolar da população. A opinião dos meus amigos sobre o RVCC é dividida. Alguns dizem que é positivo, outros dizem que é negativo. O projecto é, em geral, bem visto na sociedade. O caminho é muito trabalhoso, pois escrevo diariamente durante várias horas.

Eike Berghoff


Vim frequentar o nível secundário do processo RVCC para enriquecer os meus conhecimentos e conseguir a qualificação do 12º ano, que não consegui nos anos normais da escola e assim conseguir ter mais facilidade em arranjar trabalho.
Em comparação ao centro novas oportunidades onde eu estava antes de ser transferido, este centro na Escola Secundária de Amora, foi mais rápido a chamar-me e as sessões são mais esclarecedoras do que no outro CNO.
Ao fim deste primeiro mês neste centro, continuo bastante motivado para continuar e concluir o 12º ano, pois tanto a técnica, os formadores, como os colegas de grupo são bastante simpáticos e divertidos.
Várias pessoas que conheço diziam várias coisas sobre este processo, que não valia a pena vir ou mesmo tentar iniciar, mas para mim, tem sido bastante enriquecedor estar neste processo.
Vou tentar sempre dar o meu máximo para continuar a vir às sessões e concluir com sucesso este processo.

Vítor Couto


O RVCC é um processo que eu penso ser bastante complexo, pois não é fácil falarmos da nossa vida. Já tinha conhecimento deste processo por amigos que o fizeram e mesmo comentários de pessoas alheias em transportes públicos. Sempre ouvi falar bem e de como era fácil, mas ao chegar aqui… constatei que realmente não é fácil, temos de dar muito de nós e com uma vida activa que temos torna-se mais complicado. Não que a reflexão seja difícil, mas ter a cabeça limpa depois de um dia ou uma semana de trabalho intenso e cuidar da casa e do filho, o pensamento não flui. Mas com certeza irá ser compensatório, mesmo que seja uma certificação parcial será enriquecedor, vou perceber que sei mais que aquilo que pensava que sabia e, melhor ainda, vou ter a prova disso!

Tânia Fernandes


Estou a frequentar o nível secundário do processo RVCC.
Tomei conhecimento através de uma amiga, que já tinha concluído e incentivou-me a fazer o mesmo. Referiu que, com garra e dedicação, atingiu o seu objectivo, não era fácil, mas uma alternativa bastante importante e compensadora.
Como tinha bastante vontade de voltar a estudar, informei-me no Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária de Amora em que é que consistia o RVCC e se eu tinha a possibilidade de o frequentar. Após todo o esclarecimento e respectiva análise, vi de imediato que era a oportunidade da minha vida, pois já tinha tentado estudar à noite e infelizmente acabara por desistir. Não era possível conciliar o frequentar aulas todos os dias com a minha vida pessoal e profissional.
Desde que iniciei o RVCC, achei que seria muito complicado e difícil de concluir, mas com o passar do tempo e após as sessões de esclarecimento, fiquei mais consciente de todo o processo que me espera.
Na minha opinião, não é fácil, pois existem imensas competências que fui adquirindo na minha vida, mas para as desenvolver é preciso reflectir e organizar-me de forma a tentar ir de encontro ao que o referencial (a nossa “bíblia”) nos solicita.
“Recordar é viver”, para mim, é a citação mais adequada a todo este processo, pois com toda a informação e aprendizagem ao longo do meu “pequeno” percurso de vida, é fundamental ir recordando todos os ensinamentos que tenho vindo a aprender e, deste modo, tentar realizar todas as etapas com sucesso.

Débora Mendes


Frequentei o RVCC básico no CNO da Escola Secundária de Amora, o qual terminei com sucesso, actualmente estou a frequentar o RVCC secundário, no mesmo centro.
Reflectindo sobre este processo tenho a salientar alguma positividade em relação à minha experiência neste processo, o qual me foi apresentado por um amigo, na altura em que me foi recusado um posto de trabalho numa empresa conceituada, na qual só são preenchidos postos de trabalho por indivíduos com o 12º ano de escolaridade (política da empresa).
No início, tudo me parecia complexo, mas com o decorrer do processo e com o profissionalismo dos formadores, que foram incansáveis no desenvolvimento e acompanhamento do meu portefólio, que foi bastante trabalhoso, tudo se tornou mais simplificado, vindo-se a tornar num trabalho bastante interessante. A própria apresentação a júri foi também bastante interessante, pois revelava o trabalho que tive durante este período e que agora o estava a apresentar, a fim de ser avaliado, isto para mim foi bastante gratificante.
Actualmente, estou a frequentar o RVCC secundário e, segundo a minha primeira avaliação, parece ser um pouco mais trabalhoso, em relação ao processo anterior, mas não é nenhum bicho-de-sete-cabeças, afinal trata-se de uma forma de revelar competências com um grau de validação mais profundo.
Na minha opinião, este processo tem bastantes qualidades, as quais nos são bastantes favoráveis para que nos possamos sentir realizados a nível académico, para que possamos, perante o mercado de trabalho, preencher os tais ditos postos de trabalho, os quais só poderemos fazê-lo, se possuirmos qualificações à altura.
A opinião de quem não conhece ou presenciou um processo deste tipo, é negativa e quase sempre são incapazes de compreender qualquer tipo de explicação dada por quem tem conhecimento de causa, alegando que andou não sei quantos anos “a queimar a pestana” e, actualmente, dirigimo-nos a um centro novas oportunidades e pronto, já está. Ora bem, isto não é bem assim, pois este processo vai validar todas as competências adquiridas no decorrer da nossa vida profissional, pessoal e social, através das quais demonstramos que na realidade aprendemos na prática, o que os ditos estudantes aprenderam em teoria e, por vezes, não as sabem apresentar nos seus meios profissionais actuais, pois falta-lhes a prática.

Pedro Francisco


Reflexões de um grupo de adultos a frequentar o processo RVCC de nível secundário

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Nível Secundário - Júri de Certificação





Depoimento sobre o processo:

O processo RVCC foi para mim muito interessante e diferente de tudo o que eu estava habituada.
Não existe ninguém “burro”, existem pessoas que têm mais dificuldades em aprender e outras que têm menos. Muitas vezes eu perguntava a mim própria para que servia estudar Matemática. Fui-me apercebendo, através deste processo, que a vou utilizando ao longo da minha vida, que aplico as disciplinas diariamente, por exemplo, quando organizo a minha vida financeira. Durante o processo frequentei também a formação modular de Inglês.
Muitas vezes me emocionei ao escrever a minha autobiografia, porque me lembrei de momentos já esquecidos.
No início, o processo foi difícil. Tive mais dificuldades em expressar-me, em pôr no papel, do que em entender o próprio processo. No futuro, gostaria de frequentar o curso de Serviço Social.



Michelle Isidoro -Nível Secundário – 13 de Julho de 2011




Excerto do Portefólio:


A gestão e administração de condomínios é, no meu entender, uma actividade aliciante, quer pelos contactos com as pessoas, quer pela diversidade de situações que nos surgem.
Num mundo cada vez mais concorrencial, a actividade onde me insiro obriga-nos a uma constante actualização e atenção às movimentações do mercado, por isso, e com alguma frequência, visitamos o portal do condomínio onde surgem diversas situações e opiniões sobre as mesmas, que analisamos e de onde retiramos as necessárias ilações. (...)
Fazemos a gestão de cerca de cem prédios e exercemos a assessoria de um centro comercial e dois prédios, num universo de, mais ou menos, dois mil condóminos.
Para além disso, estamos em estudo, com uma empresa, para fornecimento de um novo programa de gestão de condomínio, para que os condóminos, através de um username e uma password, possam aceder novamente à informação do seu prédio via internet, situação que já existiu e que por, falência de empresa que forneceu o programa, deixou de ter acesso.

Francisco Neves - Nível Secundário

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Poesia popular



No âmbito do projecto NOaLer+, de modo a divulgar a literatura popular, mais concretamente poetas populares da nossa região, o CNO teve o prazer de receber a D.Maria R., autora da letra vencedora das marchas populares de Almada, em 2010, a convite do formador de MV.

Deste modo, numa sessão conjunta com a profissional de RVC e a equipa de formadores de nível básico, o grupo 3M teve a oportunidade de presenciar a leitura de diversos poemas e textos lidos pela autora, que com os seus 83 anos, nos deliciou com a sua vivacidade, empenho e criatividade literária.

Uma lição de escrita, de leitura e de vida.

Muito obrigada em nome da equipa.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Sessão de Júri - Nível Básico



Nesta sessão de júri de certificação de nível B2 e B3 foram explicitadas aprendizagens diversificadas, algumas com bastante emoção, por se tratarem de etapas que marcaram a vida dos candidatos a nível pessoal. Nas palavras de um dos adultos estas situações são:

"Etapas marcantes porque marcaram o coração" - Carlos Soares

Quanto aos objectivos alcançados neste dia, especificamente em termos de qualificação académica, um dos candidatos afirmou:

"Um desejo que se cumpre, deleita a alma" - Manuel Bento

A equipa deseja a todos as maiores felicidades.

O CRIA na ESA

Eram 16h:10min quando bati à porta do gabinete do centro de reflexão, intervenção e aquisição CRIA e fui atendido pela professora Lígia Sequeira com um sorriso. O motivo da minha entrada no gabinete do Cria na ESA foi conversar com a professora Albertina Pereira, que começou o trabalho de voluntariado na Escola Secundária de Amora com o intuito de ajudar os Alunos e os Pais dos alunos. Soube deste projecto numa palestra sobre Voluntariado.
A ideia com que fiquei, depois da minha conversa com as duas professoras dentro do gabinete do Cria, foi que dentro da Escola Secundária de Amora existe esperança nos professores e digo isso porque fazer voluntariado dentro da escola é a evidência de que os professores não perderam a esperança com os alunos em risco, não perderam a esperança diante de realidades como o abandono escolar, a situação de alunos problemáticos, ausências dos encarregados de educação, a indisciplina na sala de aulas e outros assuntos não referidos nestas páginas.

Manuel Bento de Azevedo e Silva

terça-feira, 12 de julho de 2011

Sessão de Júri de Certificação - Nível Secundário


Excertos de Portefólios:


"Ao chegar a Inglaterra observei atentamente as diferenças culturais, religiosas e laborais e vou descrever de seguida algumas delas. No Reino Unido existe um elevado numero mães adolescentes. Em Portugal as mulheres, regra geral, têm filhos após conseguirem estabilidade profissional e financeira e cada vez mais têm filhos mais tarde. No Reino unido são mães jovens e começam a sua vida profissional mais tarde. Um dos factores que influência esta decisão é a atribuição de subsídios. Em Portugal o abono de família e os subsídios sociais são de valores demasiado baixos, sou mãe e sei que estes valores são “ridiculamente” baixos, ao contrário do Reino Unido, onde é dado o abono de família, que lá se chama Child Benefit, num valor que permite garantir o sustento da criança, o Tax Credit, que é atribuído consoante o agregado familiar e os rendimentos e no caso de classes mais baixas ou desempregados, poderão ainda obter subsídios de renda, Housing Benefit, ou até mesmo obterem habitação social. "

Adelaide Canelas
Certificação de nível secundário



"A diferença entre culturas e raças, nem sempre é motivo de divergências, a adaptação de diferentes indivíduos de diferentes raças por vezes é mais fácil do que se pensa e a interacção com os mesmos também.
Na minha vida há uma constante divergência entre culturas, pois parte da minha família materna é de cultura muçulmana e uma outra parte católica e entre estas culturas as diferenças são bastante notórias, daí presenciar algumas situações. Eu sou o exemplo da diferença, pois para além de o meu bisavô ser de origem síria e ter casado com uma portuguesa, as diferenças mantiveram-se nas gerações seguintes, pois a minha mãe é de origem síria e o meu pai é de origem africana.
A diferença de comemoração da cerimónia do casamento é significativa, pois a cerimónia muçulmana dura três dias em que o primeiro dia é aquele em que a noiva dá em sua casa uma festa alegre apenas com as mulheres da família com um lanche servido por ela, durante este dia e a semana anterior a noiva não sai de casa e cobre-se apenas com roupas brancas, até ao dia do casamento. Daqui a diferença entre o casamento católico, pois é no dia do casamento em que a noiva se veste de branco, existe ainda uma festa realizada antes do casamento chamada despedida de solteira, que nada tem a ver com o ritual realizado no casamento muçulmano. O dia da cerimónia que em árabe é chamado o “ Nikah”, casamento em português, é o primeiro dia que a noiva tem contacto físico com o noivo e é apenas depois da celebração e cada um deles cobertos por um véu branco, este ritual é feito para que o noivo e a noiva sejam o espelho um do outro. O casamento muçulmano é literalmente um contrato entre um homem e uma mulher e suas famílias, pois estes passam a ser uma única família. Três dias após a celebração as duas famílias reúnem em casa do noivo para uma festa alegre, esta servida pelos noivos.
Durante a cerimónia, o copo de água é muito restrito pois os muçulmanos comem apenas o cabrito e este é morto e abençoado no dia da cerimónia e assado, não há consumo de bebidas alcoólicas, pois esta é considerada uma cerimónia abençoada e pura, daí esta diferença. A nossa boda é comemorada com muita comida de todo o tipo e com grande variedade de bebidas.
Esta cerimónia é realizada na presença de muitas flores que representa a pureza e alegria, a massa de açafrão é utilizada na tez da noiva para fazer desaparecer a luminosidade da sua tez para que nenhum outro homem possa olhá-la. Já no caso da nossa cerimónia a noiva maquilha-se para que a luminosidade da sua tez se distinga.
(…)
Existe também uma questão muito curiosa na celebração da nossa cerimónia, o Natal, que não é celebrada pelos muçulmanos, por isso para eles é uma festa estranha e de alguma forma uma controvérsia à sua cultura pois o cabrito só é morto na data com algum motivo muito forte, no caso da celebração do casamento. Inicialmente parte da família celebrava o Natal enquanto aqueles que praticavam a cultura muçulmana ficavam de parte durante esta data. Com o passar dos anos foram-se integrando nesta festa e hoje em dia participam na festa; só não dão os presentes da época porque o seu simbolismo não lhes permite.
O chamado ramadão, bastante conhecido, é praticado desde sempre pela minha família, mas ninguém o pratica a não ser aqueles que estão convertidos, pois é impensável esta prática do ramadão por outro membro que não seja convertido, porque é considerado uma ofensa à cultura, e daí até preferem que ninguém pratique, apesar de todos nós respeitarmos esta quadra.
Apesar de todas estas diferenças, tentamos de alguma forma satisfazer os costumes de todos presenciando sempre as diferentes culturas, tentando sempre estarmos unidos, até porque somos uma família e temos de permanecer como tal, unidos apesar das diferenças e controvérsias. Nem sempre é fácil mas ambas as partes fazem alguns sacrifícios para que o ambiente seja harmonioso e não exista tensão."


Rita Pereira

Certificação de Nível Secundário


Depoimentos sobre o processo RVCC:



Inscrevi-me neste programa para ter a oportunidade de concluir os meus estudos e validar todos os conhecimentos adquiridos ao longo da minha vida.(…)
Nasci em Moçambique.(…)
Apesar de estarmos cá em Portugal, mantivemos algumas das nossas tradições, principalmente nas festas familiares onde incluímos sempre os nossos pratos típicos: o caril de frango, caril de amendoim, caril de caranguejo. Alguns destes pratos têm origem indiana. Também são confecionados outros pratos africanos que eram cozinhados no sul de Moçambique, onde nasceu a minha mãe, compostos sobretudo por folhas de plantas e vegetais de que são exemplos: a matapa feita com folha de mandioca e a macouve que, como o nome indica, é feita com couve e amendoim. A alimentação é muito rica em vegetais e em Moçambique as plantas têm um papel muito importante tanto na alimentação como nas medicinas alternativas e tradicionais.(…)
Em Moçambique existe muita diversidade cultural devido às diferenças étnicas entre os povos do Norte e os do Sul, bem como a mistura com indianos, especialmente goeses, e com árabes na zona norte. No aspecto cultural há a destacar que um dos melhores escritores de língua portuguesa, o moçambicano Mia Couto e na pintura, com relevo internacional, o recentemente falecido Malangatana.
A diversidade de populações proporciona uma gastronomia muito rica no que é ajudada pelas especiarias e pelo peixe e marisco das águas quentes do oceano Índico que banha a sua extensa costa. A título de exemplo junto uma receita de Caril de Frango à Moçambicana. Enquanto o prepara vá petiscando uma chamuça meio-picante ou muito picante dependendo do gosto.
Caril de Frango à Moçambicana
Ingredientes:
• 1 Kg de frango
• 2 chávenas de arroz
• 1 cebola grande
• 2 tomates
• 3 dentes de alho
• 1 dl de azeite
• 2 dl de leite de coco
• 1 polpa de coco
• 2 colheres (sobremesa) de caril
• 2 colheres (sopa) de coco ralado
• 2 colheres (sopa) margarina
• cominhos q.b.
Preparação:
Faz-se um refogado com o azeite, margarina, alhos, cebola picada e uma das colheres de caril. Depois de alourar, colocar o tomate desfeito e os cominhos. Junte um pouco de água. Deixe aquecer. Depois de aquecer este preparado coloque os pedaços de frango cortados pequenos. Junte mais água para que se faça a cozedura em lume brando sem queimar. Antes de o frango estar cozido, coloque o coco ralado e a polpa de coco (em barra ou comprado fresco, passada na picadora). Deixe apurar. Quase no final deite o leite de coco misturado com a outra colher de caril. À parte, coza o arroz. O caril é depois servido por cima do arroz cozido.(…)

Albertina Velez
Certificada com o Nível Secundário – 6 de Julho de 2011


Inicialmente, quando me propus a este “desafio”, não imaginava o quanto a minha rotina diária iria ter que mudar para poder realizar todo o trabalho que me era solicitado.(…)
Este processo foi excelente para a minha valorização pessoal e profissional. Para mim foi extremamente importante concluir este processo, porque gostaria futuramente de trabalhar na área da saúde, pois sempre foi o meu desejo, mas dadas as circunstâncias da vida não consegui acabar os estudos, com muita pena minha.
Graças às Novas Oportunidades, tive a oportunidade de voltar a sonhar, e penso que é possível tornar o meu sonho realidade. Após concluir o 12º ano quero melhorar a minha vida profissional, para melhorar a minha vida pessoal. Ambiciono ter um futuro melhor e tem que partir de mim dar o primeiro passo.
As maiores dificuldades com que me deparei foram essencialmente, voltar a escrever, demonstrar capacidade de reflexão sobre a minha própria aprendizagem e perceber os critérios de evidência de CP. No início do processo, estive um bocado perdida, pois foi difícil descodificar o Referencial. Do meu ponto de vista estão numa linguagem um pouco complicada e pouco explícita em relação ao trabalho pretendido. Mas com a ajuda de todos os formadores e da minha profissional de RVC, tudo se compôs.(…)

Mª Filomena Fernandes
Certificada com o Nível Secundário – 6 de Julho de 2011


Procurei as Novas Oportunidades na Escola Secundária de Amora, por ser a escola mais perto da minha residência e porque foi a opção que encontrei para, neste momento da minha vida, conseguir concluir o ensino secundário.
O que me levou a iniciar o processo RVCC foi o facto de, no ano lectivo 2008/2009 através do acesso para maiores de 23 anos, ter tentado a minha entrada na Universidade e não ter conseguido.
Decidi não ficar parada, pois o facto de não ter concluído o ensino secundário faz toda a diferença, quer para o meu sucesso e progressão a nível profissional, quer para me sentir realizada a nível pessoal. O facto de eu trabalhar há muitos anos em Contabilidade e ter as capacidades e o profissionalismo de uma técnica de contabilidade, sem o 12º ano concluído, não terei tantas hipóteses como aqueles que o têm. A conclusão do ensino secundário é uma mais-valia para mim, porque hoje estou empregada, mas amanhã posso já não estar e assim terei mais hipóteses no mercado de trabalho.
Agora quero olhar para o futuro com a certeza que tenho mais uma “enxada” para poder cultivar melhor o meu amanhã, na certeza de que com o 12º ano concluído terei mais oportunidades. Continuo a pensar em estudar, vou tentar o acesso ao ensino superior e finalmente conseguir aquilo que mais quero, ser Técnica Oficial de Contas.

Marina Veiros
Certificada com o Nível Secundário – 6 de Julho de 2011